13 outubro 2005

26. Receios na Alfândega

6.Na véspera da tomada do comboio até à Mongólia, tivemos a certeza de estarmos em risco de sofrer uma grave penalidade na alfândega Russa. Aconteceu em conversa com um casal franco/inglês no hostel e foi depois confirmado no guia Lonely Planet.
Pela lei russa, qualquer quantia de dinheiro líquido em moeda estrangeira a entrar na Rússia deve ser declarada na alfândega sob pena de ser apreendida à saída (se é uma medida caça-máfias tem-se revelado altamente profícua!). Em Moscovo, aquando da chegada, passamos no corredor verde "nada a declarar" e no entanto tínhamos em nossa posse 400 euros em notas, quantia que se mantinha nos nossos bolsos na véspera da saída. Deparámo-nos então com o seguinte dilema: ou cambiávamos os 400 euros por Rublos (que já não iríamos necessitar), à pressa e com altas comissões; ou escondíamos o dinheiro e arriscávamos ser revistados pelo agentes alfandegários russos, que à pala da referida lei tentam ao máximo sacar dólares ao turista. O guia chama-lhe o Customs scam e conta que muitos já lá deixaram centenas de dólares.
A decisão foi...desafiar a Mat Rassia (Russo para "Mãe Russa")! Eu levava 100 euros em cada bota e a Jota levava 200 nas cuecas (com esta é que o blog arrisca vigilância da CIA).
Levámos seis horas a chegar à fronteira, até que o comboio parou... e a hospedeira nos disse: -Daqui a duas horas toda a gente tem de estar no seu lugar e já não pode sair da carruagem. Daí a três horas entram três aduaneiros russos. Dois boçais para o trabalho físico e um "moscovita", de posto superior, que resmungou: - Passeparte!... Pegou neles e saiu. Lá ficamos nós, mais os dois dinamarqueses companheiros de compartimento, na expectativa. Meia hora depois entram de novo os alfandegários e pedem-nos para sair do compartimento e ficarmos de pé no corredor, alinhados. Obedecemos. Um dos boçais, brusco e desajeitado, inspecciona o compartimento enquanto o Moscovita nos fita de alto a baixo.
CARIMBADO estava o passaporte quando o abrimos depois de nos ter sido entregue pelo oficial que saiu em caminho para passar revista aos compartimentos seguintes. A tramóia tinha funcionado. Com os nossos euros os russos não ficaram!
Mais uma hora passada e o comboio avançou dois quilómetros até à alfândega Mongol. Estávamos já descansados quando entraram três aduaneiras Mongois e a primeira coisa que nos disseram foi para fecharmos as cortinas da janela. Não sei se para não vermos a delinquência que se passeava no cais, se para a delinquência não ver a acção no compartimento. Passaportes solicitados e entregues - Francis? Stand Up! Look at me. Where are you going? How long do you plan to stay? ... E novamente no corredor e novamente inspecção ao compartimento. Novo carimbo e novas três horas de espera.
E assim se passou a fronteira... e o dia!


posto fronteiriço Russo; ponto de fuga na fronteira; posto fronteiriço Mongol; viagem num comboio de uma carruagem só

Sem comentários: