30 setembro 2005

09. Penso Rápido

Antes da saída há que saber dados técnicos sobre o que se vai encontrar. Clicando sobre cada uns dos ícones abaixo será mostrada a informação respectiva.

CLIMA_ temperaturas mínimas e máximas para cada uma das principais cidades onde planeamos chegar. Mais importante do que o frio é saber quantas horas de sol vamos ter. (Do frio tentamos escapar com roupas térmicas e forros polares; mas sem sol, não há foco ou projector de luz que nos ilumine as paisagens.) Apresentamos o primeiro dia de Outubro e o primeiro dia de Novembro. Para referência, no fim estão os dados de Lisboa.
FUSOS HORÁRIOS_ só pela Rússia passam dez horas diferentes. Na Mongólia e na China, apesar de existirem vários fusos, vamos viajar em zonas dentro do mesmo horário. Atenção: muda a hora em Portugal e também na Rússia, mas nem a China nem a Mongólia aderem ao sistema de poupança de luz durante o Verão.
CÂMBIOS_ três moedas diferentes. Ah! Não nos podemos esquecer de arrumar uma pequena máquina de calcular.

Estamos quase a começar a montagem do puzzle: empurrar todo o nosso equipamento para dentro das mochilas.

um CLICK para ver temperaturas um CLICK para ver fusos

29 setembro 2005

08. As Paragens III

CIDADE PROIBIDA

Se bem se lembram, o Kublai Khan da Paragem II terá começado a dar cabo do seu império quando fundou uma cidade que é hoje Pequim. Pois foi precisamente sobre o palácio de Kublai Khan que imperador Ming Yongle desenvolveu, entre 1406 e 1420, o rascunho da Cidade Proibida.
Situada no centro do chamado Império do Meio, na Cidade Proibida viveram 24 Imperadores: seres divinos, Filhos do Céu e mediadores entre o Céu e a Terra.
Tão inspirados, os Imperadores governavam o Império a partir deste microcosmo dourado de portas emblemáticas, pátios elegantes, pavilhões harmoniosos e passagens que soavam a gongos.
Mas apesar dos enormes 70 hectares da Cidade Proibida, os Imperadores não deixavam de estar isolado do resto do mundo e entre meia centena de eunucos, dezenas de concubinas, dezenas de milhares de criados, não havia Filho do Céu que conseguisse controlar a sua Cidade, quanto mais o seu Império. Por isto, os edifícios que hoje se podem visitar na Cidade Proibida datam quase todos do Séc.XVIII, trezentos anos depois das construções originais. Imaginem quantas não foram as pilhagens e invasões dos inimigos Manchus ou Japoneses ou quantos os incêndios postos por eunucos mais ou menos loucos!

Lê-se em mais do que um guia uma piadinha que agora vai passar poder ler-se aqui também. “Apesar de haver quem considere excessivo o preço do bilhete de entrada, a verdade é que está bastante mais baixo: de morte imediata passou para cerca de 60 Yuans!”

24 setembro 2005

07. As Paragens II

NÓMADAS DA MONGÓLIA

Genghis Khan “Governador Universal” foi coroado líder máximo das estepes da Mongólia em 1206. Depois de conseguir o feito de unificar as várias tribos Mongóis lembrou-se de atacar o Norte da China. Por aqui começou e daqui continuou. Da vez em que abdicou da luta em prol do eventual estabelecimento de trocas comerciais com um império vizinho, Genghis Khnan viu os seus emissários da Paz serem condenados à morte pelo inimigo. Conta-se que terá sido então que se escreveu GUERRA na sua missão de vida.
No séc. XIII o império Mongol dominava dois terços de todo o Mundo conhecido. A sua supremacia não se exibia na fundação de grandiosas cidades nem na preocupação da transmissão dos seus valores culturais. À passagem do exército Mongol todas as terras se desamanhavam, os animais guinchavam e as gentes desistiam de viver. Os militares Mongóis passavam, destruíam, matavam, extinguiam, saqueavam e... retiravam-se. Contra o Cristianismo nunca construíam, nunca se fixavam, só varriam, varriam e varreram até à morte de Genghis Khan, vinte anos após a sua coroação. Estavam na altura a desfazer a Polónia, missão que Ogedei, herdeiro e o terceiro dos seus filhos, veio a terminar. Seguiu-se a Hungria e entrando pela Áustria estava o exército já à beira de Veneza quando morreu o então líder, Ogedei. Todos os militares se montaram a cavalo, deram meia volta e foram participar na escolha do novo Grande Khan. O escolhido foi Kublai Khan, neto de Genghis Khan, pouco ligou à Europa preferindo reforçar o domínio sobre a China. Fundou a cidade que é hoje Pequim e aí estabeleceu a capital do seu império. Há quem diga que esta opção de “se estabelecer” terá sido responsável pelo declínio do império Mongol: abandonar a mobilidade de nomadismo em favor do conforto estático da cidade.
Contra a tendência do sedentarismo mundial, que para nós ocidentais está cada vez mais enraizada na lógica do planeta, o povo Mongol vive o nomadismo como uma atitude actual. Depois de 70 anos de Comunismo, vários Mongóis abandonaram as cidades para se dedicarem a pastorear as suas ovelhas. É a disponibilidade das pastagens que determina o seu percurso anual.
Habitam em “gers”, tendas circulares de feltro que num instante se montam sobre o lugar eleito e noutro instante se desmontam para sobre as costas de um camelo. São frescas no Verão e quentes no Inverno e têm preceitos próprios para uma devida utilização e organização. É assim que as paisagens da Mongólia se dizem não ser de ninguém.

22 setembro 2005

06. As Paragens I

Até à nossa partida queremos publicar 3 posts sobre as 3 paragens que talvez sejam capazes de melhor explicar esta viagem. Queremos deixar registada alguma informação técnica sobre estes locais que estamos convencidos a visitar. Registamos aqui dados objectivos, os iscos que nos atraíram e que nos criaram as expectativas (essas ficam no segredo dos deuses, não vá o diabo tecê-las!).
Atenção! Há um novo mapa no post de 28 Agosto 2005, O Plano

O OLHO AZUL DA SIBÉRIA

Oзеро Байкал (lê-se Óziera Baikál) significa em Russo Lago Baikal. É conhecido também por Pérola da Sibéria ou ainda Olho Azul da Sibéria. Mas não se trata de um dos nossos olhos arredondados. É antes um olho risinho, rasgado ao comprido no sudeste da Rússia. Um verdadeiro olho oriental!
O Lago Baikal é o lago mais profundo e também um dos mais antigos do planeta Terra, estima-se que tenha sido formado há 25 milhões de anos. Tem zonas com mais de 1600 metros de profundidade e em si guarda quase 20% de toda a água doce do planeta (lagos, lagoas, rios, ribeiras) e espécies de algas e animais que em nenhum outro lado se encontram. O Lago é alimentado por uns 300 rios e outros cursos de água mas apenas 1 rio sai do Baikal, o Angará, rumo a norte. A partir do final de Dezembro a superfície do lago gela e assim fica durante 4 meses.
Claro que um fenómeno destes tem-lhe associadas uma série de superstições relacionadas com os poderes mágicos das suas águas. Diz-se que mergulhar nele as mãos nos faz ganhar um ano de vida. Mergulhar os pés são mais cinco anos garantidos. Por esta ordem de ideias depois um mergulho de corpo inteiro, quem conseguir não ficar logo ali morto de frio, deve ganhar uns 25 anos à sua soma ! Aceitam-se apostas!!

21 setembro 2005

05. Vistos no Papo!

Cá estão eles no papo. Os três vistos arrumadinhos nos passaportes agora só à espera de apanharem uma carimbada! Ainda na esperança da chegada do último visto, o Russo, fomos pagar os bilhetes do avião. São uns bilhetes muito modernos chamados “bilhetes electrónicos”. No fundo são bilhetes que não existem: basta-nos estar no sítio certo à hora certa. Na agência de viagens, perante a minha incredibilidade ao ver que todos aqueles euros acabadinhos de me sair da conta se resumiam a três folha A4 banais, tentaram acalmar-me dizendo que “ora então, são bilhetes virtuais”. Espero que no check in não me venham também dizer que “ora então, o voo é virtual”. Vantagens destas modernices? Não há o perigo de perdermos os bilhetes (pois não, ninguém perde o que não tem). O pior é se perdemos estes A4 banais. Talvez seja melhor decorarmos as duas datas e as quatro horas, ou apontar isso nalgum lado.

17 setembro 2005

04. Vistos ao pé, quase na mão

Na próxima quarta feira, salvo algum cataclismo, teremos na mão os passaportes visados! Chegará assim ao fim esta tarefa hercúlea que se não fosse desencorajante seria aventurosa – hum...acho que troquei os adjectivos!

A viagem de ida e volta dos nossos queridos passaportes até França, à embaixada mongolense ou mongoleira ou mongolasca (como diz a tia São), foi um sucesso! Foram carregadinhos de documentos e dinheiro e voltaram com uma souvenir autocolante: um visto com selo brilhante, marcas anti-falsificação e o diabo a sete!

Às 8.30 da passada segunda feira estávamos corajosamente plantados à porta do consulado russo (ali próximo da praça do Chile), prontos a enfrentar o IV round!

Uma hora e meia depois fomos convidados a entrar (Gôoong! início do IV round). Desta vez foi o vice-cônsul Aleg que primeiramente nos atendeu. Tinha acabado de derrear uma pobre portuguesa: - desculpe minha senhora, mas nos regulamentos da Federação Russa não há lugar para viagens de turismo não-organizado! A senhora tem de recorrer à sua agência para organizar sua viagem e trazer voucher oficial e reserva em língua russa!
Foi com alguma alegria ou alívio que verificou que os nossos documentos estavam em ordem. Quando se apercebeu da especificidade de querermos um visto de turismo de 30 dias mais um visto de trânsito de 11 dias para o regresso (sistema sugerido pelo vice-cônsul Mikhail aquando do III round) o assunto complicou-se e: - vou passar processo para cônsul Serguei que explicará tudo muito bem! (Gôoong! vantagem para os Russos).

O cônsul Serguei estava por essa hora entretido com uma jovem loura, bem parecida e de seu nome Svetlana. Tinha entrado à nossa frente e devia ser uma pessoa especial, pois passou ao lado da fila de espera. O assunto era um visto para a Rússia para um tal de Karyaka cuja entidade responsável era um Dínamo não sei quê. A senhora Svetlana interrompeu várias vezes a animada conversa com o cônsul para falar ao telemóvel: - Sim?...Miguel?...ah! pois!...ele está agora no treino...cheque?...ok, ok!...sim, vou agora telefonar para Benfica a pedir cheque! Os papeis do visto ficaram rapidamente resolvidos e o cônsul Serguei despediu-se afavelmente da senhora Svetlana com beijos e palavras russas (de circunstância decerto)!
Depois da saída senhora Svetlana e uma vez informado das nossas pretensões, o cônsul Serguei reflectiu um pouco, torceu o nariz e disse: - nosso computador não pode emitir dois vistos, terão de tratar de visto de trânsito na Mongólia! (Gôoong! Portugueses ao tapete). Incrédulos, debatemos (com delicadeza) as alternativas e chegámos a um entendimento: - computador pode passar visto de trânsito duplo para seis semanas, mas ficam avisados que hotéis podem levantar problema de visto de trânsito. Em princípio, niet prabliem!
E assim foi, pagámos à senhora da caixa e recebemos em troca um recibo em russo para levantar os passaportes daí a 7 dias úteis! – Spaciba!
(Gôoong! Vitória por pontos dos Portugueses).