31 outubro 2005

40. "Eles choram tão mal"

Dos 14 milhões de almas que habitam Pequim, cerca de 50 unidades são portuguesas. Conhecem-se todas e nós conhecemos algumas.
Destacamos, claro, o Gustavo Infante, nosso bondoso anfitrião (como soube bem o luxo do seu T1 depois das privações do deserto). O Gustavo trabalha em Pequim há dois anos. Enfrentou as dificuldades da pós-licenciatura concorrendo ao Instituto Camões, propondo-se corajosamente a este desafio asiático. Lecciona português, na Universidade de Estudos Estrangeiros, a Chineses que procuram sobretudo bagagem cultural para furar nas economias Lusófonas. Está perfeitamente integrado e é uma delícia ouvi-lo falar mandarim... "ta-pao, ta-pao, ni-hao, xiexie" são as únicas coisas que conseguimos perceber.
No dia em que visitámos o Templo do Céu, a certa altura, uma figura pareceu-nos estranhamente familiar: sapatos, calças e camisa eurostyle finesse, camisola Burberry's pelos ombros, cabelo à CDS-PP... será que só há "betos" em Portugal? O Rui Boavida foi assim denunciado pela aparência. Estava de passeio com a companheira e os patrões. São todos jornalistas da Agência Lusa.
Ainda mais curioso foi o segundo encontro fortuito com portugueses, desta feita no Palácio de Verão. Duas irmãs, amigas do Gustavo, estão de visita a Pequim sobretudo para compras. Como muito outros, renderam-se às maravilhas do mercado chinês e voltam para Portugal abastecidas de mercadoria vendável no Luso-Artesanato.
No último dia em Pequim jantámos optimamente num Tailandês com o Gustavo e a Liliana, igualmente professora de Português, igualmente do Instituto Camões, mas vinda de dois anos em Macau. Apesar de ser uma mulher do Norte (Viana do Castelo) está muito apreensiva com os rigores do Inverno que se aproxima! Nas palavras do Gustavo..."precisas de dois casacos, um para o Inverno e outro para o Inverno-a-sério."
Encontrámo-nos com eles no único café português (dono incluído) de Pequim. Abriu recentemente, junto à Embaixada, e serve pastéis de nata, croquetes, arroz doce e cozinha regional portuguesa!
O mais enigmático titulo de post, até agora, resolve-se com uma historia portuguesa contada pelo Gustavo e que serviu para umas boas risotas: "um amigo meu, tomou um comboio nocturno em terceira classe (assento duro) a abarrotar de chineses… Escorriam-lhe lágrimas pela cara enquanto dizia entre dentes num lamúrio - eles cheiram tão mal!"


o exaltante Sr. Professor G. Infante; os croquetes do café português; o jantar no Tailandês com a Liliana e o Gustavo

30 outubro 2005

39. Pato à Pequim

É conhecido o apetite chinês por tudo o que tenha patas ou asas, incluindo os nossos queridos canideos e felinos domésticos. Contudo, em Pequim, na corrida ao mais mastigado animal, o Pato massacra a concorrência há gerações e gerações! É uma febre esta do Pato! Em todo o lado, das mais reles tascas, passando pelos supermercados até aos mais requintados restaurantes, patos patos e mais patos são embalados, expostos e ingeridos!
Para dar vazão a tanta procura, nos arredores, os aviários da especialidade são imensos, de perder de (e a) vista! Ainda assim, encontram-se alguns espécimes semi-selvagens. Este ‘real’ sacudia as penas no lago do parque Beihai...até ao dia...



ADENDA LISBOETA A 23 DE NOVEMBRO

Hoje de manhã, o jornal ‘Metro’ trazia esta notícia:

Bom, fizemos o que agora é desaconselhável…pelo menos a portugueses! Acerca da gripe das aves, agradecemos a preocupação e os alertas que fomos recebendo via mail. Pelo que nos foi dado perceber, os chineses, para o bem e para o mal, não entram em alarmismos mediáticos (tudo controlado). Após a experiência da epidemia SARS (pneumonia atípica), as autoridades sanitárias chinesas estão agora sempre alerta e actuam com razia! Um caso, acção imediata. Chacina implacável nas vizinhanças e quarentena nos arredores! Pobres aves! Foram abençoadas com talvez o maior de todos os dons – voar! Como compensação, hoje têm de encarar outros opostos: aviários, gripes e purgas sanitárias…

38. Postais de Pequim


à espreita na Cidade Proibida; Jota e Xang em pose na Praça de Tianamen; o Palácio de Verão num dia de neblina


a adoração a Buda no Templo do Lama; a Grande Muralha entre Jinshanling e Simatai; a noite

29 outubro 2005

37. Incivilidade Total?

Esta crónica é transversal aos três países que já visitámos e debruça-se sobre as cavadas diferenças de civismo que existem entre o ocidente em geral e estas paragens.
Não raras são as vezes que nos queixamos do rude comportamento cívico português, não é? Então seguem aqui alguns exemplos para vós próprios ajuizarem das distinções:
A passadeira para peões é um conceito ambíguo. Elas existem, com zebras marcadas no chão e tudo, mas não atribuem qualquer prioridade ao pedestre. Para transpô-las este tem de, corajosamente, tourear os veículos que, como se nada fosse, prosseguem apressadamente o seu caminho (como agravante comunicacional, muitos dos automóveis têm vidros completamente fumados - uma moda pro-mafias made in America de triste reflexo dos nossos dias).
Outra suposta regra social que está nos antípodas do que estamos habituados é a fila de espera. Elas existir existem, mas tal como as passadeiras, não atribuem qualquer prioridade ao sujeito que se encontra à nossa frente. Criam-se bolsas laterais, o jogo do acotovelanço é muito valorizado e o sucesso é atingido consoante a capacidade de se ser expedito. Em resumo: é tudo à fuçanga, como os porquinhos a tentar mamar na porca-mãe.
O último exemplo é exclusivo da China e prende-se com comportamentos sociais de higiene e delicadeza duvidosas. É normal arrotar sonoramente, escarrar a plenos pulmões e cuspir para os caixotes do lixo e no chão (inclusive no chão do Metro). É também habitual cortar as unhas nos mais variados locais, tais como nas salas de aula das universidades.

22 outubro 2005

34. Repórter Xing

Chegámos bem da nossa tour. Temos muitos posts para publicar mas pouco tempo para o fazer agora. Amanhã partimos cedo para Pequim, onde chegaremos na segunda-feira.
Na China temos o contacto de um amigo que nos receberá.
Ficam informados de que na China os blogs estão proibidos. No entanto vamos tentar subverter esta censura com a ajuda do nosso Repórter Xing que enviara os posts por nós.
Esperamos conseguir também enviar os que já temos sobre a Mongólia.
Desculpem a decepção mas hoje nem o USB ajuda.

21 outubro 2005

33. Vida de Nómada

O cenário do meu nascimento foi o ger (tenda) dos meus pais. Os meus filhos nasceram no hospital da aldeia.
Na infância aprendi as tarefas e a cultura nómada. Montar e dominar cavalos e camelos, pastorear e ordenhar cabras e ovelhas, cozinhar com a carne e o leite dos animais. Aprendi a responsabilidade dos afazeres e a comportar-me socialmente.
Casei com a minha mulher (por entendimento inter-familiar) em três dias de celebrações. O primeiro apenas com a família próxima, o segundo com os amigos mais chegados e o terceiro em reunião social mais alargada. As oferendas do matrimónio consubstanciaram-se num ger e respectivo recheio (fogão a lenha, trem básico de cozinha, duas camas e duas cómodas pequenas), e numa partição do gado familiar.
Mudamos de paragem três a quatro vezes por ano, fugindo das zonas mais frias, sempre em busca das melhores pastagens. Temos no entanto morada postal na aldeia (uma espécie de apartado). É lá que estamos registados como cidadãos e onde exercemos o direito de voto (novidade pós anos 90).
A nossa riqueza material mede-se em cavalos, camelos, iaques, vacas, cabras, ovelhas e ainda cães. Comemos a carne de todos, menos dos cães, que são insubstituíveis na guarda dos gers. De quando em vez sacrificamos um animal para alimentação, estando reservada a matança de um camelo ou de um cavalo para os períodos de Inverno duros.
O dia-a-dia desenrola-se em ordenha e pastoreio dos animais, apanha e secagem da bosta destes (único combustível existente para o fogão), transporte de água dos poços próximos, cozinhar, comer e beber e, ocasionalmente, caçar uma raposa ou um antílope.
Agora que temos um painel um fotovoltaico, acumulamos energia numa bateria e, durante a noite, podemos ter luz eléctrica, ouvir rádio e ver televisão via satélite. Transportamos todos os nossos pertencer numa carroça puxada por um camelo e para as deslocações rápidas utilizamos uma bem oleada motorizada.
Raramente tomo banho. A parca água com que lidamos diariamente é racionada para sucintas lavagens corporais e de loiça. O nosso ger adapta-se às variantes do clima: mais ou menos camadas de feltro (lã animal prensada) consoante o frio e mesmo um oleado para quando neva ou chove.
Quando morrer serei enterrado na estepe ou na montanha. Junto a outras sepulturas ou não... dependendo sempre da transumância.

32. As Ruínas do Budismo

A vertente tibetana da religião Budista estava fortemente implantada na Mongólia no sec.XVI, altura em que se constituiu religião oficial do império. As revoluções Chinesa e Russa do princípio do sec.XX originaram todo um período de instabilidade no território Mongol. Invasões e ocupações envolvendo Bolcheviques, Russos Brancos (Anti-Comunistas) e Chineses resultaram num domínio soviético de 70 anos.
Em 1937, a politica anti-religiosa foi levada ao extremo. 700 Mosteiros Budistas foram destruídos e 17.000 monges executados ou desaparecidos. Nos últimos 15 anos a liberdade religiosa instaurada abriu portas à reabertura de alguns mosteiros, 160 ao que parece. Visitamos 3 deles. São de novo lugares de culto em plena "produção" mas apenas parcas estruturas, que assentam sobre os ombros gigantes de outrora.
As mais importantes construções não efémeras da Mongólia utilizam maioritariamente a pedra, o tijolo ou a terra como material de construção (dependendo da região).


templos em Taipa e Adobe: Orgon Khiid e Onglin Khiid construídos em meados de 1600

31. Machina Ruski

O herói mecânico do deserto de Gobi não é o Toyota Land Cruiser da Austrália nem o Land Rover Africano nem sequer o UMM Alentejano, mas sim o UAZ. ULYANOSVSKIY AUTOMOBUILNYI ZAROD (Fábrica). Fundada em 1941 na região do Volga, alimentou o exército vermelho do famoso Jipe UAZ69 que evoluiu comercialmente para o UAZ469. 2500 cc a gasolina, 72 hp, dois depósitos de 40 l (um em cada lateral do carro - quando o primeiro dá o berro, no interior vira-se a torneira para o segundo), suspensão de carroça e muita chapa pesada.
Com igual sucesso a palmilhar a rocha Mongol encontramos o UAZ2206. A mesma motorização 4x4, mas em modelo mini-bus para dez lugares. Ambos os veículos (adicionados da versão capota mole do UAZ69) são ainda hoje produzido e por um preço de venda muito acessível, não fosse o consumo astronómico de "benzina".
Curiosa é a estratégia industrial de produção. Um motor três modelos, o contrário do que normalmente conhecemos: um modelo varias motorizações.
Fizemos 1800 km de solavancos nos semi-confortáveis bancos de trás com direito a cabeçadas no tejadilho, trepidação crónica e turbulência poeirenta.

19 outubro 2005

28. Extra Tour Mongolia

00. Esclarecimentos aos leitores
O recurso a uma "agência de viagens" não teve como intenção simplificar-nos a vida: o nosso querido UMM com o servo freio avariado teve de ficar em Portugal; a Jota andou a aprender Russo e não lhe chegou o tempo para o Mongol. Assim sendo, para irmos tentar a sorte de partilhar um ger (tenda circular) com uma verdadeira família nómada Mongol, precisamos de alugar um 4x4 (com condutor) e uma guia. De cómoda ou fácil, pouco ou nada teve esta nossa viagem. Sem recorrer a uma agência, de Ulaan Baatar teríamos saído directamente para Pequim.

01. Desilusão: mas quais noites em familia?
O trajecto dos nossos primeiro e segundo dias foi em comum com o tal alemão que nos falou da Extra Tour. Em vez de 4 éramos 7 pessoas e para grupos destes está mais do que desenvolvido um alojamento em gers que determinadas famílias têm montados apenas para-turista-dormir. As famílias negociadoras dormem ao lado, no seu ger ou numa casa (já que este negócio se pode encontrar em cidades onde, em quintais cercados se montam os gers). Bem, neste grupo de 7 havia dois motoristas e dois guias cheios de vontade de conviver entre si, comer carne e beber vodka a noite toda. Nós, os três turistas, entre o assistir e o entender o que afinal se passava ficámos em duas noites com o mestrado em: "Como se divertem os condutores e os guias enquanto os turistas dormem no ger do lado".


preparando o primeiro ger para-turista-dormir; a segunda noite de festa dos Motoristas e Guias; o campo de geres-urbanos

02. Desilusão: burla!
A desilusão de duas noites tão diferentes das que procurávamos juntou-se uma outra: a guia intérprete que levamos revelou-se uma bela fraude!
Vinte e sete anos de idade, 24 vividos em Ulaan Baator, 3 passados em Novassibirsk na Rússia; Inglês: parco; sobre a Mongólia: pouco conhecimento e menor interesse; princípios de educação europeus (e mundiais): nicles.
E nós? Nos sabíamos sobre o que ia acontecer quando as coisas aconteciam; traduções sobre palavras que nos eram dirigidas só passavam a inglês por pedido nosso; ouvimos como resposta uns quantos "I dont't know" acompanhado de ombros encolhidos (como os putos!) e outros tantos "ans" guturais.
O facto de os estrangeiros não saberem nada da língua Mongol levou ao desenvolvimento de uma manhã do condutor (e do guia). Fazemos o que eles querem e estão eles sempre à vontade para nos aplicarem as suas tangas: não há gers aqui! só ali - e no que há ali está um amigo condutor de outra agência... vai ser cá uma festa eh eh; aqui as famílias cobram 20.000 tugriks por noite; aqui não há cantinas para almoçar; não, à gruta grande não se vai porque agora sopram por lá uns ventos estranhos; vamos à cidade pôr gasolina - não vamos à cidade por gasolina (e acabamos na cidade a comprar pão).
Gerir o relacionamento durante estes setes dias foi tarefa levada a sério que, penso, trouxe alguma aprendizagem: nunca mais compro um guia sem inquirir primeiro!
Entre outras raridades desta guia fomos descobrindo que já tem um filho de cinco anos e que o dinheiro que faz com estas tours é para gastar nas prendas do aniversario da criança agora em Novembro. Habitualmente, da aulas de inglês ao secundário (!) excepto quando acompanha tours e telefona a dizer que esta doente ou até no hospital! Avisou-nos para termos cuidado com os assaltos em Ulaan Baatar mas ao mesmo tempo ofereceu-se para nos acompanhar ao mercado negro de artigos roubados onde "há de tudo e tão barato".
Enfim, estes foram pormenores que fomos descobrindo mas, se mais atentos, talvez pudéssemos ter desconfiado. Ora vejam: logo na primeira troca de palavras soubemos que a razão que a leva a ser guia é: "to improve my english" (!?!); e o seu nome é BULGAA que se lê Burlhcáá... Burlhá... Burlá...BURLA!


a "mãe" Bulgaa; afinal onde vamos hoje?; Bulgaa fumando

03. Magia de Buda?
À terceira noite Buda ajudou-nos.
Viajávamos já sem o grupo do alemão quando, ao pôr-do-sol, chegámos a mais uma pequena cidade. Era mau sinal, sinal de que íamos pernoitar no quintal de alguém com ger-para-turista-dormir. Mas a família conhecida ou tinha os gers cheios ou os gers não estavam preparados e assim sendo... tivemos de nos fazer ao caminho, afastarmo-nos da cidade e bater à porta de um ger que se assomasse a estrada. Era o nosso sonho a realizar-se!
Já com um nervosinho instalado, pela chegada do lusco-fusco, apareceu um conjunto de 3 gers aninhados junto a uma pequena elevação sobre um planalto. O preceito mandou o motorista sair para conversar. Seguiu-se-lhe a guia. Voltaram com ar algo intimidado: podíamos ficar mas tínhamos de dormir no chão porque dos 3 gers só o do meio tinha fogão para aquecer. Excelente!
Entrámos e ficámos a conhecer a família. Um pai (75 anos e rugas tostadas), a mãe (magra) e a filha (surda-muda). Tem mais meia dúzia de filhos nómadas que andam pela zona, os visitam, os auxiliam e fazem a transumância do gado. O casal e a filha vivem todo o ano neste mesmo lugar e passam o Inverno num barraco de madeira que construíram ali ao lado.
Ofereceram-nos arroz com batata e borrego aos pedacinhos (cozinhado no fogão central que caracteriza cada gers); chá mongol (chá salgado com leite); e ARUL (pedaços de leite de cabra coalhado e seco - por nos ficaram conhecidos como desafia-dentes... rijos rijos rijos). Depois de toda a loiça do jantar ter sido devidamente lavada em meio litro de água a filha deu corda 'a bateria e ficamos a ver na TV o filme, a telenovela e o debate (ora um ora outro ora outro!). Nem meia hora e apagava-se a luz. Deitados no chão adormecemos a ouvir uma calma e longa conversa entre o casal anfitrião.
Das seis noites da nossa viagem, três foram passadas com verdadeiras famílias nómadas. Esta foi a primeira. Ficam as fotos porque as palavras alongam-se.


menina mongol; a família da primeira noite; ordenhando as cabras


noite no ger com visualização das filmagens do dia; o casal que convidamos a convidar-nos para almoço; a família da ultima noite

04. Vamos a contas
Segue a listagem dos momentos duros:
- 7 dias sem água quente que corresse para além do bico da chaleira e até à tigela;
- 200 km em estrada de alcatrão bem retalhado + 1400 km sobre rastos + 200 km a abrir novos rastos;
- 7 dias de pó sobre tudo o que é corpo, tudo o que é roupa, calçado, tudo o que é mochilas;
- dormir no chão tem os seus encantos mas a mim doíam-me os ossos da bacia!;
- à noite arrefece em todo o lado, no deserto arrefece muito, nos gers com buraco no topo a descoberto para as estrelas... é preciso haver um cobertor sobre o saco-de-cama.
- 7 dias a beber chá mongol com leite de cabra, sete dias a comer arul, a bebericar do vodka (por nos próprios oferecido);
- 7 dias a ver os mongóis, para o almoço, a descarnar ossos de borrego; 7 dias a ver os mongóis, para o jantar, a cortar carne de borrego em cubinhos; 7 dias a ver os mongóis, para o pequeno-almoço, a juntar chá mongol aos restos da véspera e a beber aquilo tudo.


a trepidação perdura mesmo com os pés já pousados em terra

05. Resultado final
Tivemos de esperar pelo regresso a Ulaan Baatar para ter a certeza de que as desilusões do início se perderam completamente na maré-alta das boas experiências que tivemos.
Andámos durante 7 dias pelo meio do nada, num deserto surpreendente de montanhas, rochas, pequenos canyons com vales gelados, muitos camelos, muitas marmotas, um relance de uma manada de antílopes brancos, alguns templos budistas.
Este Gobi é um nada muito grande! Mas mais do que este nada grande, o que em nós se entranha é a experiência de partilhar a bondade incondicional (gosto de a pensar nestes termos) dos nómadas. Aproximamo-nos do ger, surgem à porta, deixam-nos entrar, levamos farinha, batata, cebola e couve, eles dão a carne. Fazemos massa e comemos todos. À despedida dizem estar contentes por termos aparecido para almoçar com eles.


reserva Natural Batkhaah Uul; Kharkhorin: antiga capital fundada por Gengis Khan; algures na Mongólia: Quico, ovelhas e nuvens


Moltzog Els em Bayanzag; Yolyn Am (boca do abutre); Baga Gazaryn Chuluu: Jota e rochas


viajar observando postais de Portugal; o horizonte com binóculos; foto feita a pedido